– Faaala Viajantes! Ela fala com leveza, veste marcas independentes e é presença constante em painéis de inovação — mas por trás de seu sorriso existe uma disputa simbólica: quem detém o poder de representar o futuro cultural do Brasil?
Desde 1997, o Projeto Morrinho nasceu na favela Pereira da Silva (Laranjeiras, RJ) como uma maquete lúdica feita de tijolos e peças recicladas, com o tempo, tornou-se uma organização cultural estruturada, reunindo mais de 20 adolescentes que participam de oficinas audiovisuais e turismo comunitário, e levando sua “mini-favela” a eventos em Barcelona, Paris, Veneza e Nova York e neste ano foi premiado no Prêmio Nacional do Turismo por gerar renda local e atrair visitantes. Para conhecer mais acompanhe: projetomorrinho.org
Paralelamente, a ONG Catalytic Communities (Comunidades Catalisadoras), criada em 2000 por Theresa Williamson, transforma tecnologia e comunicação em instrumentos de cidadania urbana, com iniciativas como o RioOnWatch, a organização ganhou reconhecimento internacional — incluindo prêmio do Vale do Silício em 2006 e menção na ONU por sua atuação em favelas. Para conhecer mais acompanhe: catcomm.org/
Nesse ecossistema, surgem figuras como Ana Luiza Santos — símbolo hipotético, mas real em espírito — que conectam projetos de base comunitária a redes internacionais, ela próprio canaliza práticas semelhantes às do Morrinho e da CatComm: organiza residências artísticas, oficinas, capacitações e até rodadas de pitch financiadas por universidades americanas, assim, abre-se um canal de capital cultural que cruza periferia e Silicon Valley.
Mas essa interseção gera resistências.
Críticos acusam essas conexões de transformarem cultura periférica em commodity, apropriando narrativas e transformando arte em marketing — mesmo dentro de roupagens “solidárias”. Ainda assim, o impacto é incontestável: o Projeto Morrinho, por exemplo, já recebeu dezenas de milhares de visitantes em réplicas internacionais e bancou a construção de uma sede apoiada pela prefeitura
A disputa vai além dos recursos: trata-se de quem tem legitimidade narrativa na cena cultural. De um lado, o modelo tradicional, hospedado em universidades, editais e institutos. Do outro, uma nova lógica, descentralizada, digital e orientada por impacto — onde a favela não é apenas tema, mas agente e narradora de seu próprio universo. A pergunta que emerge é: quem pode falar, quem decide e quem se beneficia dessa mudança silenciosa?
💬 #RôProMundo – O Brasil da cultura criativa caminha como num campo de tensão, entre o conservadorismo institucional e o poder das redes emergentes, a nova classe criativa está sendo forjada — e uma guerra silenciosa por representatividade está redefinindo quem ocupa o centro.