– Faaala Viajantes! Hoje começo o dia respirando fundo, porque sinto que o mundo está se transformando rapidamente e eu preciso acompanhar esse ritmo, ainda que meu coração esteja apertado e minha cabeça pareça um redemoinho de incertezas. Estou diante da tela do computador desde cedo, organizando meu ateliê improvisado na sala de casa, enquanto tento adaptar minhas aulas de artes para o formato online e me ajusto à ideia de que, por tempo indeterminado, só vou encontrar meus alunos através da câmera. Ao mesmo tempo, mantenho o pensamento inquieto sobre o meu trabalho como travel writer, já que as fronteiras estão se fechando e todas as minhas viagens, pesquisas e pautas parecem suspensas no ar, exigindo que eu revise tudo que estava planejado e mergulhe em novas formas de criar conteúdo sem sair do meu apartamento.
Enquanto reorganizo pincéis, tintas e cadernos antigos, percebo que cada detalhe precisa fazer sentido também no ambiente virtual, porque os alunos dependem agora de instruções claras, de uma luz boa e de uma comunicação mais sensível do que nunca. Estou testando ângulos da câmera, ajustando o microfone e tentando entender como manter a energia das aulas mesmo sem o contato físico, porque sinto que a arte pode ser uma forma de cuidado nesse momento em que cada um enfrenta seu próprio medo. E, embora tudo pareça muito instável, percebo que existe uma força que me faz continuar, talvez porque ensinar arte sempre foi, também, um jeito de me manter inteira enquanto o mundo muda lá fora.
Do outro lado, a travel writer em mim tenta encontrar uma nova rota possível, e é curioso como, mesmo sem viajar, ainda sinto o impulso de contar histórias, porque as memórias de estrada, cheiros de mercados e conversas com pessoas de diferentes lugares seguem aqui, vivas e pulsando em mim. É como se eu precisasse revisitar meus próprios cadernos de viagem para reencontrar um pouco da liberdade que, por ora, está guardada dentro de casa, esperando dias mais leves. Assim, escrevo rascunhos de textos sobre experiências passadas, estudo tendências do turismo durante a pandemia e pesquiso como outros profissionais ao redor do mundo estão lidando com a pausa forçada, já que isso me ajuda a entender o que posso oferecer de útil e inspirador neste caos.
Entre uma videochamada de teste e outra, e depois de ajustar minha lista de materiais para as próximas aulas, percebo que estou vivendo uma reinvenção diária, porque não há mais paredes entre o meu trabalho artístico, o jornalismo de viagem e a rotina doméstica. Tudo se mistura, e, ao mesmo tempo, tudo precisa fazer sentido de maneira organizada para que eu consiga sustentar minha criatividade sem perder a sanidade. Tento manter uma pequena rotina de respiro, preparo um café forte e coloco uma música que me lembra o Ceará, porque é importante lembrar de onde venho quando o mundo inteiro muda. E, assim, entre telas, pincéis e textos, sigo tentando transformar esse período em algo produtivo e acolhedor, mesmo quando a instabilidade bate forte.
💬 #RôProMundo – Encerrando este dia, sinto que a adaptação não é apenas técnica, mas emocional, e que este será um processo contínuo, feito de pequenos esforços e grandes descobertas. Continuo acreditando que, mesmo dentro de casa, ainda consigo construir pontes por meio da arte e da escrita, e que, apesar da saudade da estrada, existe beleza no aprendizado de hoje. E, enquanto preparo os últimos detalhes para a primeira aula da semana, percebo que talvez este seja o início de uma nova fase, cheia de desafios, mas também repleta de possibilidades que ainda estou aprendendo a reconhecer











