– Faaala Viajantes! Hoje acordo com aquela sensação estranha de que cada dia parece repetido, mas, ao mesmo tempo, tudo é completamente novo, porque ainda estou entendendo como encaixar minhas funções de professora de artes e travel writer dentro desse novo cenário que se impõe diante de nós. Enquanto preparo meu café, penso no quanto meu roteiro de viagens, que antes guiava meus dias, foi substituído por um roteiro de aulas, cheio de links, materiais improvisados e atividades adaptadas para que meus alunos consigam acompanhar mesmo sem o ambiente presencial. E, embora tudo pareça desafiador, sinto uma vontade imensa de fazer dar certo, porque sei que a arte pode ser uma companhia poderosa nesses dias tão intensos e incertos.
Passo a manhã ajustando as atividades de hoje, porque preciso transformar exercícios que antes aconteciam com telas grandes, tintas comunitárias e conversas animadas em algo possível na casa de cada aluno, já que muitos não têm o mesmo acesso a materiais ou a espaços adequados. Assim, reorganizo conteúdos, penso em alternativas mais acessíveis e tento equilibrar cuidado e técnica enquanto explico conceitos artísticos através da câmera. E, sempre que faço uma pausa, lembro que antes eu estaria provavelmente escrevendo sobre alguma experiência de viagem, observando o movimento da rua ou planejando o próximo destino, mas agora me vejo escrevendo sobre sensações internas, sobre a própria adaptação que estou vivendo, porque é isso que o momento pede.
Quando chega a hora da aula, fico observando as carinhas dos alunos surgindo na tela, algumas tímidas, outras vibrantes, todas vivendo a mesma estranheza de se adaptar ao novo mundo. E percebo como a arte funciona quase como uma ponte, porque permite que cada um expresse o que está sentindo enquanto estamos todos fechados dentro de casa. Entre uma explicação e outra, noto como preciso controlar a iluminação, o tempo, a clareza da câmera e até o tom de voz, já que tudo influencia na experiência deles. O ensino online exige não apenas conteúdo, mas presença, e isso se torna ainda mais evidente quando alguém desabafa, compartilha uma angústia ou simplesmente sorri ao terminar um desenho.
Depois da aula, volto ao meu papel de travel writer, porque eu me recuso a deixar essa parte de mim congelada, mesmo com o mundo de portas fechadas. Retomo rascunhos esquecidos, releio textos antigos que nunca publiquei e analiso como posso abordar o turismo em tempos de paralisação, já que viajar agora virou uma experiência interna e profundamente emocional. Assim, estudo novos formatos, revisito fotografias das minhas viagens e encontro beleza em observar tudo com outro olhar, porque percebo que a narrativa do turismo mudou, e eu preciso mudar com ela, sem perder minha essência de viajante slow travel.
💬 #RôProMundo – Ao final do dia, sinto que estou caminhando por uma estrada totalmente desconhecida, mas que também carrega um senso estranho de oportunidade, já que estou descobrindo novas versões de mim mesma a cada adaptação. E enquanto ajusto os materiais da próxima aula e fecho o editor de texto onde deixei mais um rascunho pronto, percebo que talvez essa mistura de arte, ensino e escrita seja justamente o que vai me manter firme durante todo esse processo. Assim, sigo respirando, me reinventando e acreditando que a criatividade ainda encontra caminhos mesmo quando o mundo parece suspenso.











