– Faaala Viajantes! Hoje percebi, mais do que nunca, que ensinar arte durante a pandemia se tornou mais do que um trabalho; virou um espaço de acolhimento emocional, tanto para meus alunos quanto para mim. Enquanto ajustava a câmera para a aula da manhã, senti que aquele pequeno retângulo de tela era quase uma janela para algo maior, porque do outro lado estavam pessoas buscando um respiro no meio do caos. E assim, mesmo com a rotina virada do avesso, encontrei na troca criativa uma forma de sustentar minha própria sanidade.
Durante a primeira aula, uma aluna compartilhou que vinha enfrentando crises de ansiedade desde o início do isolamento, e que aqueles encontros virtuais eram o único momento em que conseguia se desconectar do noticiário. Foi então que entendi a força simbólica desses encontros, já que, embora o foco fosse técnica e expressão visual, o que realmente acontecia ali era um exercício de presença, um convite para que cada um encontrasse um jeito de se ver e se sentir em meio à turbulência. E percebi como a arte, mesmo sem a pretensão de curar, abre caminhos internos que às vezes nem sabíamos que estavam bloqueados.
Ao longo do dia, acompanhei processos criativos lindos, porque muitos estavam usando materiais improvisados, transformando papéis antigos, tintas ressecadas e até embalagens em novas composições. E essa reinvenção material parecia refletir uma reinvenção emocional, pois cada pincelada trazia um pouco de alívio, e cada cor escolhida parecia carregar uma intenção. E quando finalizamos a atividade coletiva, senti o ambiente leve, como se por instantes todos tivessem respirado melhor, o que me fez lembrar que a arte sempre encontrou caminhos mesmo quando a realidade parecia apertada.
À tarde, preparei uma sequência de exercícios mais focados na espontaneidade, incentivando meus alunos a criar sem o peso da performance ou do perfeccionismo, porque compreendi que a liberdade criativa também é uma forma de libertação emocional. Enquanto desenhavam, alguns compartilhavam medos, outros falavam de saudades, e outros apenas silenciavam enquanto moviam as mãos, e percebi que esse silêncio não era desconforto, mas descanso. Assim, minha sala de aula virtual se tornou uma espécie de refúgio coletivo, onde cada um encontrava espaço para sentir sem pressa.
💬 #RôProMundo – Encerrando o dia, fiquei pensando em como a arte, sem pedir nada em troca, se transformou em uma das poucas âncoras possíveis neste período tão incerto, porque ela nos devolve o que às vezes perdemos no meio das notícias e do isolamento: a capacidade de imaginar. E enquanto escrevo estas linhas, entendo que talvez meu papel como professora de artes nunca tenha sido tão significativo, já que, mesmo sem sair de casa, sigo construindo pontes afetivas que nos ajudam a atravessar











