– Faaala Viajantes! Essa segunda amanheceu estranha, o céu estava limpo, o sol parecia convidativo, mas havia um silêncio no ar que me deixou inquieta, hoje eu ainda tive reunião presencial na escola, saí de casa e senti como se o mundo tivesse recuado, fui caminhando até o final do quarteirão, de máscara, respeitando o distanciamento, cruzei com poucas pessoas, todas evitando o meu olhar, notei que o medo tem cheiro, está no vento, não posso nem espirrar (por conta da minha rinite alérgica), tudo está nos passos mais contidos.
Em casa, dediquei parte do dia à produção de conteúdos que estavam parados, mas confesso que há uma nuvem pairando sobre o processo criativo, como escrever sobre beleza e descoberta enquanto o mundo assiste a hospitais sendo montados às pressas, fronteiras sendo fechadas e vidas sendo interrompidas? Como continuar sendo leve sem parecer alienada?
Fui para a escola de Uber, confesso que não tenho coragem de entrar mais no ônibus, por conta de ser uma pessoa que entra no quadro de pacientes de risco (sou asmática e tenho histórico de pneumonia). A saída, “foi necessária” porque tínhamos uma reunião para definir os próximos passos do semestre e como iremos avaliar os alunos, éramos poucos professores, a semana foi dividida com os coordenadores por disciplinas, então hoje estavam apenas os professores de língua portuguesa, língua inglesa e eu de Artes; por enquanto, aqui para o blog, eu só consigo escrever sobre o que sinto é meio estranho, porque durante anos mantive uma separação entre o que era pessoal e o que era publicado, mas agora, tudo meio se mistura e como professora, também sinto essa transição, os alunos me escrevem com dúvidas sobre o futuro, sobre as aulas, sobre a vida, tento responder com calma, mesmo sem ter todas as respostas.
💬 #RôProMundo – Hoje à noite, comecei um esboço de artigo sobre o que aprendi em viagens que podem me ajudar agora, não no sentido prático, mas no simbólico, tipo: como lidar com o inesperado, com a mudança de planos, com a solidão, porque viajar, em muitos momentos, também foi um exercício de adaptação e a pandemia não nos ensinou a parar, ela nos forçou e cabe a nós transformar esse tempo de pausa em algo que faça sentido.